Parecia que o fim da linha pela seleção portuguesa havia chegado após a Copa no Catar, mas CR7 segue buscando seu último título de Euro
Cristiano Ronaldo acredita que os três aspectos da realidade são dor, incerteza e trabalho constante. É fácil entender o porquê: seu notável caminho até a Alemanha é um exemplo claro disso.
Tudo começou com a dor do Catar, onde uma campanha desastrosa deixou o futuro de Ronaldo em Portugal envolto em incertezas. No entanto, o trabalho que teve em seguida disso o levou de volta a um grande torneio de seleções.
De fato, enquanto Portugal se prepara para iniciar sua campanha na Euro 2024 contra a República Tcheca, CR7 não apenas ainda está na equipe, como também está escalado para começar no ataque de uma das equipes mais talentosas da competição. Há todas as chances, então, de que, aos 39 anos, uma carreira recorde que parecia prestes a terminar em vergonha, em vez disso, concluirá com a demonstração mais gloriosa da resiliência do Robozão.
Não se engane: não se trata apenas de Cristiano Ronaldo curtindo sua 'the last dance'; depois de ser descartado e ridicularizado no Catar, ele está determinado a rir por último na Alemanha. Afinal, por último é sempre melhor...
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A morte de um 'sonho'
As lágrimas caíram assim que o apito final soou em Doha, na noite do dia 10 de dezembro de 2022. Ronaldo estava tão chateado que não conseguiu nem mesmo cumprimentar os torcedores de Portugal. A dor era grande demais.
Uma inesperada derrota nas quartas de final da Copa do Mundo para Marrocos significou a morte de um "sonho". Também parecia o fim da carreira de CR7 por sua seleção. Ele tinha 37 anos e estava claramente muito além do seu auge.
Depois de depender de Ronaldo por quase duas décadas, o consenso comum era que Portugal precisava seguir em frente. Por tanto tempo o salvador da seleção, o gajo agora estava provocando mais problemas do que resolvendo.
Melhor sem CR7?
Para ser honesto, Ronaldo parecia acabado no Catar. Ele chegou com a intenção de restaurar sua reputação como um atacante de classe mundial após um fim conturbado em sua segunda passagem pelo Manchester United - mas sua campanha na Copa do Mundo foi uma história triste de desempenhos fracos, resultando na decisão de Fernando Santos de colocar o atacante no banco no mata-mata.
Foi uma decisão que chocou o mundo do futebol, mas inegavelmente a escolha correta: Portugal jogou melhor sem seu maior artilheiro de todos os tempos, que marcou apenas uma vez na Copa e parecia estar se recusando a acreditar sobre suas habilidades em queda livre.
No entanto, ele não desistiu. Crucialmente, o sucessor de Santos também não queria que ele desistisse.
'Não estava pronto para se afastar'
Uma das primeiras coisas que Roberto Martínez fez após ser nomeado novo técnico de Portugal em janeiro de 2023 foi voar para a Arábia Saudita para ver como estava o lado mental e psicológico de Ronaldo.
"Ele não estava pronto para se afastar", revelou. "Ele queria fazer parte do novo ciclo e, por isso, foi muito fácil incluí-lo na Data Fifa de março. Depois disso, pude tomar uma decisão futebolística."
Para Martínez, foi uma decisão óbvia. Ronaldo marcou dois gols em ambas as partidas das eliminatórias da Euro 2024 contra Liechtenstein e Luxemburgo. Não se tratava apenas dos gols, entretanto, na opinião do técnico.
"Ele foi um verdadeiro líder, um capitão e alguém que traz uma experiência que nenhum outro jogador tem no futebol mundial", disse o espanhol. "Ele é alguém que pode alcançar 200 jogos pela sua seleção. Você precisa aproveitar alguém assim no seu vestiário."
'Não há dúvidas' sobre a marcação
Portugal acabou se classificando para a Euro 2024 com um recorde perfeito, vencendo todas as 10 partidas das eliminatórias. Apenas Romelu Lukaku, da Bélgica (14), marcou mais vezes do que Ronaldo (10).
No entanto, persistem dúvidas sobre a verdadeira força de uma equipe liderada por um jogador de 39 anos que agora atua na Arábia Saudita. O grupo de Portugal era fraco, enquanto vale lembrar que eles perderam dois de seus quatro jogos preparatórios, fora de casa contra a Eslovênia e em casa contra a Croácia.
Dada a prevalência da pressão no futebol moderno, a sabedoria de selecionar um atacante que contribui quase nada na marcação também foi questionada em certas vezes na imprensa portuguesa. Martínez, no entanto, insiste que o atacante está plenamente consciente do que é exigido dele.
"É obviamente importante para nós atacar e defender com 11 jogadores", reconheceu. "Ronaldo é um jogador que sabe muito bem como aproveitar o espaço na área e é um finalizador especial, um jogador especial.
"Mas a reação de Cristiano à perda da bola e sua atenção ao posicionamento defensivo foram perfeitas durante os jogos que disputamos. Então, para mim, não há dúvidas, não há preocupações."
'Respeitar a decisão do treinador'
No entanto, uma questão ainda maior paira sobre o tempo de jogo de Ronaldo. Ele jogará menos tempo? Martínez apontou o fato de que o atacante jogou muitas partidas - e marcou muitos gols - nesta temporada, o que ignora o fato de que o padrão e a intensidade da Saudi Pro League estão bem abaixo dos das competições europeias de elite.
Portanto, parece ser imprudente escalar um jogador que está se aproximando dos 40 anos em todos os jogos - especialmente na fase de grupos. Mas, como vimos no Catar, Cristiano não é alguém que aceita bem ficar no banco, ou até mesmo ser substituído antes do fim de um jogo.
O próprio jogador insiste que não causará problemas se Martinez decidir fazer uso completo de um vasto e variado grupo de talentos ofensivos. "Sou 100% profissional", declarou Ronaldo. "Estarei pronto como sempre para ajudar nosso país e respeitar as decisões do treinador."
'Todo ano que passa é um presente'
Certamente houve uma mudança na atitude de Ronaldo nos últimos dois anos. No mínimo, ele está muito melhor preparado psicologicamente para a Euro do que estava antes da Copa do Mundo no Catar. Ele está consciente de que não tem muito tempo restante no jogo e parece determinado a aproveitar ao máximo.
"Como dizem na Espanha, 'cada ano que passa é um presente'", disse ele ao SporTV depois de marcar dois gols no amistoso de Portugal contra a Irlanda na última terça-feira. "Então, jogar após os 35 ou 36 anos já é um presente. Agora tenho 39 anos e apenas tento aproveitar cada ano."
"O importante é estar fisicamente e mentalmente bem para poder ajudar a equipe. E, como todos já sabem, sou impulsionado por um amor de toda a vida pela seleção nacional. Seja jogando em 2004, quando fiz minha estreia [na Eurocopa], ou jogando hoje, o sentimento é sempre de orgulho e paixão. Não tem coisa melhor que isso."
Ele ainda não estará disposto a se contentar com o segundo lugar, é claro. Isso simplesmente não está em sua natureza. Ronaldo sempre quer marcar mais gols, levantar mais troféus e calar mais críticos. Ganhar é sempre a resposta perfeita, e a glória é sempre o objetivo final. É isso que torna toda a dor, incerteza e trabalho árduo que ele enfrentou um processo que vale a pena.
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